Efeito dominó: ‘tarifaço’ de Trump derruba bolsas globais e pressiona dólar em meio a temor de guerra comercial
- Alexandre Dehon de Almeida Lima
- 4 de mar.
- 3 min de leitura

Os mercados globais enfrentam um verdadeiro dia de pânico nesta terça-feira (4), refletindo a escalada da tensão comercial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros econômicos. Após China, Canadá e México anunciarem medidas de retaliação às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, investidores reagiram com uma onda de vendas, derrubando bolsas em diversas partes do mundo e pressionando o dólar para o menor nível em três meses.
Nos Estados Unidos, os principais índices — Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq — registravam perdas próximas a 2% por volta das 13h30. Na Europa, o tombo foi ainda maior: bolsas da Alemanha, França, Itália e Espanha caíram cerca de 3%, enquanto o índice Stoxx 600, que reúne as maiores empresas do continente, recuava 2%.
Dólar em queda global
O dólar também foi atingido em cheio. O índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de divisas, caiu 0,33% no mesmo horário, refletindo a aversão global a risco e a expectativa de que o acirramento da guerra comercial prejudique a economia dos EUA.
A nova rodada de tarifas e retaliações
O nervosismo do mercado foi alimentado pela entrada em vigor das tarifas de 25% impostas por Trump sobre produtos vindos do México e do Canadá, além de novas tarifas de 10% sobre bens chineses. Em resposta, os três países anunciaram sanções equivalentes sobre produtos americanos, intensificando o clima de confronto comercial.
O Canadá, por exemplo, aplicou tarifas de 25% sobre US$ 107 bilhões em produtos americanos, enquanto a China aumentou em até 15% as tarifas sobre exportações agrícolas e alimentícias dos EUA — setor altamente sensível e estratégico para a economia americana. Já o México prometeu represálias ainda esta semana, com foco no setor industrial.
Inflação, juros e crescimento em risco
O aumento generalizado de tarifas eleva os custos de produção para empresas americanas, pressionando os preços ao consumidor e reacendendo temores de alta inflacionária nos EUA. Isso pode forçar o Federal Reserve a acelerar o ritmo de alta dos juros — o que, por sua vez, impacta o crédito, freia o consumo e prejudica o crescimento econômico.
Esse ciclo de impactos negativos explica o pessimismo que se espalha pelos mercados. “Nenhum ativo de risco escapa do estresse gerado pela escalada dessa disputa. O mercado já enxerga essa semana como um divisor de águas para a economia global”, explica o analista Vitor Miziara.
China endurece o jogo e mira empresas americanas
Além das tarifas, Pequim adotou uma estratégia de pressão direta sobre empresas dos EUA. O governo chinês incluiu 15 companhias americanas em sua lista de controle de exportações — restringindo o acesso a tecnologias estratégicas — e suspendeu licenças de três grandes exportadores de madeira dos EUA. A China também abriu uma investigação contra produtores americanos de fibra óptica, acusando-os de práticas ilegais.
Em um sinal claro de endurecimento, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou: “Tentativas de pressão extrema são um erro de cálculo. A China não cede a intimidações”.
México entra no ringue
A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, também não poupou críticas. Ela classificou as tarifas como injustificadas e alertou que o México irá responder com firmeza. A retaliação deve atingir produtos estratégicos para os estados agrícolas americanos — uma forma de pressionar diretamente a base eleitoral de Trump.
O que vem pela frente?
Com cada nova rodada de tarifas e represálias, cresce o risco de uma guerra comercial completa, que poderia arrastar a economia global para uma nova recessão. Analistas alertam que o mercado já está precificando um ambiente de menor crescimento global e maior volatilidade nos próximos meses.
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