Super Quarta: Mercado foca nas decisões do Fed e do BC que podem impactar a economia global.
- Alexandre Dehon de Almeida Lima
- 29 de jan.
- 3 min de leitura

Super Quarta: Mercado aguarda decisões do Fed e do BC em dia crucial para os juros globais
A primeira Super Quarta do ano promete movimentar os mercados, com decisões de política monetária tanto do Federal Reserve (Fed) quanto do Banco Central do Brasil (BC). Enquanto o Fed deve manter os juros inalterados, o BC brasileiro deve seguir com o ciclo de aperto monetário, elevando a taxa Selic em 1 ponto percentual. As decisões serão anunciadas ao longo do dia, com o Fed divulgando sua posição às 16h (horário de Brasília) e o BC às 18h30.
O que esperar do Fed?
A expectativa é que o Fed mantenha a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%, encerrando uma série de três cortes consecutivos. No entanto, os investidores estarão atentos às declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, durante a entrevista à imprensa, 30 minutos após o anúncio. A mensagem de Powell será crucial para entender a trajetória da política monetária dos EUA, especialmente diante dos primeiros dias da administração de Donald Trump e dos recentes dados de inflação e mercado de trabalho.
Segundo a XP Investimentos, o cenário de manutenção das taxas até 2025, embora ainda minoritário, ganhou força com os indicadores econômicos recentes. “O mercado buscará sinais adicionais sobre a continuidade ou não do ciclo de cortes”, destacou a equipe da XP.
E no Brasil?
No cenário doméstico, o BC deve elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando-a a 13,25% ao ano, conforme sinalizado na reunião de dezembro. No entanto, o foco estará no comunicado pós-reunião, que pode indicar se o ciclo de alta dos juros continuará além de março. “O mercado analisará cuidadosamente se o BC sinalizará apenas mais um aumento de 100 pontos-base (bps) ou se manterá o aperto monetário nas reuniões seguintes”, explicou a XP.
A Ágora Investimentos destacou que a perspectiva de alta da Selic tem atraído investidores estrangeiros, ajudando a reduzir os juros futuros e a desvalorizar o dólar frente ao real. Na véspera, a moeda americana fechou em R$ 5,86, marcando o sétimo pregão consecutivo de queda.
O que dizem os analistas?
Para o Goldman Sachs, o principal ponto a ser observado é se o BC dará alguma orientação explícita além de março, já que os mercados precificam cerca de 200 bps adicionais de alta. “Com as taxas reais acima da média de longo prazo e um cenário político mais calmo, recomendamos vender o euro frente ao real, nossa operação preferida em mercados emergentes”, afirmaram os analistas do banco.
Já José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, projeta uma Selic terminal em torno de 16%, patamar que deve se manter por alguns meses. “O comunicado, o primeiro da gestão Galípolo, será analisado com lupa, assim como a ata na próxima terça-feira. Acreditamos que o Copom, além de subir os juros em 1 ponto percentual, manterá a promessa de nova alta de 1 ponto em março, sem se comprometer além disso”, avaliou.
Além disso, o horizonte da política monetária deve ser ajustado: do 2º trimestre de 2026 para o 3º trimestre do mesmo ano. “Será importante analisar a inflação projetada para este horizonte, que indicará qual a Selic necessária para atingir a meta de inflação”, completou Faria Júnior.
Impactos no mercado
Empresas com alta alavancagem financeira tendem a sofrer mais em ambientes de aperto monetário, segundo a XP. Por outro lado, setores menos dependentes de crédito podem se beneficiar. A Selic a 13,25% já é dada como certa, mas o mercado quer saber até onde os juros podem chegar. A sinalização anterior do BC de uma taxa de 14,25% em março já não parece suficiente, com a precificação do mercado se aproximando de 16% e riscos de dominância fiscal no horizonte.
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